por InfoSãoFrancisco
Com demanda da RPPN Mato da Onça, no alto sertão alagoano, a UFAL – Universidade Federal de Alagoas cria Grupo de Trabalho voltado para analisar a infestação de mexilhões dourados e os ataques de piranhas no Baixo São Francisco.
O Baixo São Francisco vem sendo o território, há vários anos, de inúmeras ocorrências que indicam graves problemas nos ecossitemas aquáticos, sobretudo abaixo da hidrelétrica de Xingó, na divisa de Sergipe e Alagoas. Dentre elas, dois quadros que envolvem organismos aquáticos exóticos e nativos são particularmente graves e não têm sido objeto de qualquer política pública de enfrentamento, monitoramento, e busca de soluções adequadas.
São eles:
- a infestação dos mexilhões dourados, moluscos bivalves (semelhantes a pequenos mariscos) cuja ocorrência no Baixo São Francisco foi denunciada pela Sociedade Canoa de Tolda em 2016 e que tem causado significativos impactos para populações humanas ribeirinhas;
- o ataque de pirambebas (também conhecidas como piranhas brancas) a seres humanos que são registrados com cada vez mais intensidade desde 2017.
Estando na zona afetada tanto pelo mexilhão dourado como pelos ataques de piranhas, a RPPN Mato da Onça, como já apresentou o InfoSãoFrancisco, encaminhou à UFAL – Universidade Federal de Alagoas demandas para a universidade solicitando providências de investigação de ambos os casos.
Como resposta, a UFAL acaba de criar (portaria no. 013/2023) um GT – Grupo de Trabalho que, segundo a universidade, visa atuar em estudos científicos e técnicos sobre Mexilhões dourado e Pirambebas, em parceria com a Sociedade Socioambiental do Baixo São Francisco – Canoa de Tolda.
O GT foi nomeado pela própria UFAL como Grupo de Trabalho Canoa de Tolda e é composto por quatro pesquisadores do curso de Engenharia de Pesca da Unidade Educacional Penedo (que faz parte do Campos Arapiraca da UFAL) pela razão lógica da atuação daquele curso no Baixo São Francisco.
A atuação do GT Canoa de Tolda possibilitará para a sociedade a produção e disponibilização de informações que possibilitem adequadas tomadas de decisão.
Para conhecer um pouco mais sobre essa importante e necessária providência da UFAL, o InfoSãoFrancisco, por telefone, teve uma rápida conversa com o Prof. Igor da Mata Oliveira, um dos integrantes do GT Canoa de Tolda.
Veja abaixo os detalhes da entrevista:
InfoSãoFrancisco – O que provocou a criação do grupo (origem, demanda)? Como é formado?
Igor da Mata Oliveira – O Baixo São Francisco tem apresentado uma série de expressões de verdadeiro caos ecossistêmico: grandes oscilações de vazão, notória perda de calha e de habitat, espécies invasoras (contra as quais infelizmente nada foi feito apesar das diversas denúncias).
O mexilhão dourado está amplamente estabelecido, e o encontro de humanos com as pirambebas tem sido recorrente e essas duas situações em particular precisam ser bem avaliadas. O primeiro requer medidas de controle, e o segundo, identificar detalhadamente o que está ocasionando esse aumento de ataques.
Há algumas semanas a UFAL teve formalizada uma demanda da RPPN Mato da Onça, uma importante unidade de conservação gerida pela Sociedade Canoa de Tolda, solicitando o envolvimento de pesquisadores do Curso de Engenharia de Pesca nos casos da infestação de mexilhões dourados e dos ataques de pirambebas a seres humanos no Baixo São Francisco.
A organização se mostrava extremamente preocupada pela ausência de respostas da parte da gestão do rio São Francisco para os problemas e entendeu que a universidade poderia gerar informação técnica e científica para dar base a decisões e ações futuras.
Nesse sentido, conversamos com o nosso grupo de pesquisadores com relação com algum desses desequilíbrios e propomos ao coordenador da nossa UFAL Penedo a criação de Grupo de Trabalho, que estamos denominando de GT UFAL Ecossistêmico Baixo São Francisco.
A que se propõe o GT?
Avaliar essas expressões de caos ecossistêmico no Baixo São Francisco e propor medidas de gestão.
Onde atuará?
Inicialmente, atenderemos a demanda para avaliar a situação na única reserva do Baixo São Francisco.
Quando e como?
Reunimos um grupo de pesquisadores de diversas áreas lotados na região: especialistas em Ecologia, Ictiologia, Carcinologia, Malacologia, Química e Gestão de Recursos de Aquáticos.
O que se espera da atuação do GT?
Vamos investigar essas relações de causa e efeito e provocar ações. Mas desejamos que a Universidade Federal de Alagoas garanta condições mínimas para que possamos continuar avaliando de forma sistemática (e não apenas espaço temporalmente pontuais), as brutais alterações às quais o baixo rio São Francisco vem sendo submetido há décadas, e de forma mais intensa nos últimos anos.
Fontes: UFAL
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