por InfoSãoFrancisco
Segunda balsa de grande porte teve suas operações suspensas domingo (19) por insuficiência de água no rio São Francisco a partir das reduções das descargas da hidrelétrica de Xingó.
As reduções das descargas da hidrelétrica de Xingó, em processo iniciado pela CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco desde o início de fevereiro (07), seguem agravando os inúmeros impactos em toda o baixo São Francisco entre o barramento e a foz do rio.
Dentre os segmentos afetados – previstos como usos múltiplos da Lei 9.433/1997 , a chamada Lei das Águas– está a navegação, uma atividade que depende prioritariamente de volume de água (traduzido no calado, na profundidade ao longo das rotas navegadas) para que embarcações possam trafegar sem restrições e com total segurança.
No alto sertão do Baixo São Francisco, desde o último dia 14 que a estratégica travessia de Pão de Açúcar, AL, ao Povoado Niterói, SE, vem enfrentando sérios problemas. Naquela data, sem calado para navegar, o que colocaria a operação em situação de insegurança, uma das balsas de maior porte, com trinta e dois metros, teve a navegação suspensa, como mostrou matéria do InfoSãoFrancisco.
Na publicação, o proprietário da balsa José Antônio Gonçalves explicava que encaminhara ofício relatando o caso e pedindo providências à ANA – Agência Nacional de Águas; CHESF; ANTAQ – Agência Nacional de Transportes Aquaviários; Agência Fluvial da Capitania dos Portos de Alagoas em Penedo/Marinha do Brasil, vislumbrando como única solução a elevação das descargas de Xingó, o que garantiria o atendimento aos usos múltiplos das águas do rio São Francisco.
No entanto, até domingo (19) sem qualquer mudança no quadro hidrológico, “tivemos que paralizar a outra balsa de trinta e dois metros, como a primeira, um fato que nunca aconteceu durante os aproximados 40 anos de nossa empresa, ficando o serviço todo sendo realizado por uma balsa pequena que embarca carros pequenos e caminhão do tipo da F4000 (com peso bruto carregado de 6,8 toneladas)” diz José Antônio.
Travessia no alto sertão: Sem água, sem balsas
Ainda segundo ele, o calado operacional dos rebocadores é de aproximadamente dois metros, pois é necessário ter espaço para a aspiração de água de refrigeração do motor (no fundo do casco) e também da rotação do hélice, de modo a serem evitados danos pela abrasão da areia que circula em turbilhão, agindo como um “esmeril”.
“Hoje (domingo, 19) a vazão baixou a um valor de pouco mais de mil e cem metros cúbicos [por segundo], e os prejuízos são muito grandes. Todos os dias atravessamos de doze a quinze caminhões de leite, com capacidade média de 10 mil litros, que chegam de Sergipe, para recolher o produto dos pequenos produtores da região para processar no município de Glória”, prossegue.
“É uma atividade essencial para muitas pessoas. Há também os caminhões de telhas e tijolos produzidos em Itabaiana, Sergipe, que são distribuídos por toda a região. Não há como passar na travessia”, reforça José Antônio.
A suspensão dos serviços integrais na travessia é um problema que afeta inúmeros segmentos. Todos os veículos pesados vindos de Sergipe, para Pão de Açúcar e além, e vice-versa deverão fazer um desvio alternativo, opção única para chegar ou sair de Pão de Açúcar na rota com o centro sul de Sergipe e a capital Aracaju, significando uma rota de mais de 340 km, pelos municípios de Canindé, em Sergipe e Piranhas, em Alagoas, se for considerada a volta para suas origens.
O aumento do percurso a ser praticado implica em maior consumo de tempo, de combustível, impacto ambiental, elevação de custos de toda a ordem e precarização de um sistema socioeconômico regional de significativa importância.
Preocupado com os prejuízos que estão sendo contabilizados, como queda considerável no faturamento e a incidência de custos fixos que não podem deixar de ser pagos, como tripulações, manutenção das balsas, encargos diversos, José Antônio não está animado com o desenrolar do caso.
“E tem mais, amanhã (20), dia de segunda-feira, é feira em Pão de Açúcar, e todos os caminhões dos feirantes que vêm de Sergipe, sobretudo Itabaiana, terão que fazer o arrodeio por Canindé, Piranhas. São pessoas com recursos limitados e não sei se irão encarar essa vlta toda. De nossa parte, já avisamos a todo esse povo, o pessoal do leite e posso dizer que não está bom, não.”, conclui, “estão acabando com o rio São Francisco, estão acabando com o rio.”
Fontes: Empresa Fluvial São Francisco
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