MapSãoFrancisco conclui primeira fase do mapeamento de lagoas marginais no Baixo São Francisco -

por InfoSãoFrancisco

Gradativamente, as lagoas e várzeas marginais intermitentes do Baixo São Francisco recuperam seu inequívoco e essencial espaço na cartografia através da plataforma pública de mapas OpenStreetMap: a primeira etapa de mapeamento dos corpos hídricos intermitentes foi finalizada pelo MapSãoFrancisco.

Foi concluída a primeira área do projeto de Mapeamento das Lagoas e Várzeas do trecho baixo do rio São Francisco, uma iniciativa do do MapSãoFrancisco , com o mapeamento de todas as lagoas e várzeas marginais compreendidas em sua poligonal, uma área de 104, 2 km² compreendida entre a Boca do Saco, abaixo da foz do rio Jacaré, em Sergipe, se prolongando até a jusante da Ilha do Ouro, localidade do município sergipano de Porto da Folha.

A área finalizada proporciona o retorno de 48 lagoas e várzeas (22 em Sergipe e 26 em Alagoas) à cartografia pública, sendo referência os mapas do SNIRH – Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico que utilizam como base justamente o sistema do OSM - OpenStreetMap.

As tarefas de mapeamento remoto foram realizadas através do sistema HOT Tasking Manager, que foi possibilitado através da cooperação estabelecida pela Canoa de Tolda com o HOT – Humanitarian OpenStreetMap Team. Com o Tasking Manager o projeto contou com a participação de mapeadores voluntários no Brasil e em diversas partes do mundo, possibilitando rapidez na realização das tarefas.

Atualmente as lagoas e várzeas mapeadas estão com seus arquivos em processo de organização para a montagem do mapa preliminar do projeto. Após a conclusão das duas Áreas de Interesse restantes está prevista a publicação de um mapa interativo com todas as lagoas e várzeas no Baixo São Francisco.

É importante lembrar que, no OpenStreetMap, todas as lagoas e várzeas mapeadas, como qualquer elemento na plataforma pública colaborativa, podem ser baixadas e utilizadas em qualquer outro sistema de cartografia digital.

Cumprindo seu objetivo de levantar e disponibilizar informações para a melhor gestão da planície de inundação do Velho Chico em seu trecho baixo, o projeto do MapSãoFrancisco começa a proporcionar a visualização de quadros que exigem atenção e resposta da sociedade.

Fig. 01 - Trecho do Baixo São Francisco na região de Pão de Açúcar e as inúmeras lagoas mapeadas que se apresentam em sistema da ANA - Agência Nacional de Águas. Reprodução: ANA/SNIRH

Na Área 01 mapeada começam a surgir situações interessantes, como por exemplo, o caso das lagoas no entorno da cidade de Pão de Açúcar, em Alagoas, com boa parte de suas áreas inseridas na zona urbana da sede do município. Ali pode ser observado que aquelas lagoas estão sendo utilizadas e ocupadas de forma descontrolada por construções que criam situação de risco para parte da população que ali vive, cuja vulnerabilidade à eventos de inundação é inquestionável.

Nas próximas semanas são esperados avanços no processo de validação das demais áreas que são mais relativamente mais complexas do que a Área 01.

À medida que o rio se aproxima da foz, o relevo terrestre é mais amplo, baixo, plano, com lagoas mais rasas e extensas, com muitas interferências antrópicas que dificultam a visualização de seus limites naturais. Limites que, em caso de um evento maior, extremo, como uma grande enchente, muito provavelmente serão ultrapassados pelo grau de assoreamento no canal fluvial da calha do rio (atrofiada em razão de mais de quarenta anos de regularização – com a construção da UHE Sobradinho em 1979/80 - sem a aplicação de vazões para o serviço ambienta)l.

O projeto de Mapeamento de Lagoas e Várzeas Marginais do Baixo São Francisco é uma iniciativa da Canoa de Tolda e InfoSãoFrancisco que conta com a cooperação técnica do HOT – Humanitarian OpenStreetMap Team e da UFAL – Universidade Federal de Alagoas através de seu curso de Engenharia de Pesca com o IMAP – Laboratório de Investigação e Manejo da Pesca, em Penedo, Alagoas.

Como colaborar no mapeamento das lagoas e várzeas

Para participar dos projetos do MapSãoFrancisco é necessário que a pessoa tenha uma conta no OSM - OpenStreetMap.

Em seguida, ela fará seu primeiro acesso na plataforma Tasking Manager do HOT que identificará automaticamente sua conta/usuário.

Ali serão encontradas todas as informações inclusive de vídeos de treinamento que contam com tradução instantânea para o português.

Para a seleção das áreas do projeto que poderão ser mapeadas, o acesso poderá ser feito tanto pelo MapSãoFrancisco como pelo Tasking Manager.

Todos os projetos do MapSãoFrancisco estão em português.