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Dados das vazões da UHE Xingó somam mais de 48 horas de apagão

O rio São Francisco no alto sertão. Montagem sobre foto de divulgação CHESF e acervo InfoSãoFrancisco.

por Redação

Sistema da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico há dois dias não fornece dados das vazões instantâneas da UHE Xingó prejudicando o acopanhamento, pela sociedade, das operações da hidrelétrica.


A população do Baixo São Francisco e demais interessados estão impedidos, neste momento, de ter o conhecimento de como opera a UHE Xingó, mais precisamente, as descargas defluentes praticas pelo barramento.

Esses dados são disponibilizados pelo sistema Hidro-Telemetria, do SNIRH – Sistema Nacional de Informações de Recursos Hídricos, gerenciado pela ANA que, desde as 16:00 hs do dia 08 de agosto se encontra indisponível. Apenas os dados relacionados ao nível do reservatório de Xingó estão sendo atualizados no sistema (ver gráfico do SNIRH abaixo).

Dados das vazões da UHE Xingó até a tarde do dia 08 de agosto. Fonte: ANA/SNIRH .

A indisponibilidade de dados tão importantes afeta o necessário conhecimento das operações da UHE Xingó que, com grandes variações (sobretudo dentro da faixa de vazões extremamente baixas que estão sendo praticadas), é motivo de inúmeros problemas no cotidiano das populações ribeirinhas em todo o Baixo São Francisco.

A ANA foi notificada sobre o problema, ainda ontem, pela manhã e novamente hoje, no início do dia.

Até o momento não houve resposta e/ou solução para o apagão que afeta o sistema Hidro-Telemetria neste caso específico.

De olho nas vazões no Baixo São Francisco

A ANA, através do SNIRH – Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (é um dos instrumentos de gestão previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997, a chamada Lei das Águas) , mantém diversos sistemas de geração de dados públicos relacionados ao monitoramento de parâmetros diversos das águas no Brasil. Dentre eles, o sistema de Hidro-telemetria que permite o conhecimento de vazões nos principais rios brasileiros (com ou sem barramentos).

Tela do Hidro-Telemetria com dados no Baixo São Francisco. Fonte: ANA/SNIRH.

O Hidro-Telemetria do SNIRH, no caso dos barramentos, possibilita que sejam avaliados o cumprimento de regras, diretrizes e restrições aplicadas aos barramentos ( partir do estabelecido pelas LOs – Licenças de Operação ou ainda regulações da própria ANA).

No caso particular do Baixo São Francisco, os dados mais importantes para o conhecimento exato do padrão das descargas da UHE Xingó é a estação UHE Xingó Barramento, que gera os dados que expressam o “desenho” final das manobras de regularização desde a UHE Sobradinho. A outra estação, em Propriá, a 70 km da foz, tem resultados que são afetados por possíveis contribuições de afluentes como os rios Capiá, Ipanema, Capivara, o que “camufla” as vazões reais que o setor elétrico pratica.

A obtenção da publicidade desse dados foi possível após interferência da Sociedade Canoa de Tolda através de um lento processo protocolado junto à CGU – Controladoria Geral da União, se valendo da LAI – Lei de Acesso à Informação.

No fechamento da matéria os únicos dados referentes às descargas das operações da UHE Xingó remontavam às 16:00 hs do dia 08 de agosto (684,41 m³/s). Apenas dados de nível no reservatório estavam disponíveis.


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Fontes

ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico

SNIRH – Sistema Nacional de Informações Sobre os Recursos Hídricos

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis