Populações difusas com acesso à água restrito, problemas de abastecimento em sistemas maiores, bombas de captação no seco, mortandade de algas verdes e vegetação aquática exótica invasora, dificuldades de navegação, comprometimento de reprodução da fauna aquática são as evidências iniciais ainda mais danosa operação dos barramentos com o padrão da Resolução ANA 2081/2017 e a confirmação do que já é público e notório há dezenas de anos: o setor elétrico opera seus barramentos com regras, restrições e condicionantes ambientais produzidas pelos órgãos licenciadores que, efetivamente, não consideram rios saudáveis e o patrimônio natural como algo essencial.

Reprodução ANA/SNIRH
Desde o dia 1º. de janeiro que a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco está operando os barramentos entre a UHE Sobradinho e a UHE Xingó segundo as regras definidas pela Resolução ANA no. 2081/2017. No Velho Chico modelo 2021 a vazão média de 1.050 m³/s (hum mil e vinte e cinquenta metros cúbicos por segundo), cerca de 51% (cinquenta e um por cento) da vazão de 2.060 m³/s estabelecida a partir da regularização (construção da UHE Sobradinho) e ignorando o valor mínimo de 1.300 m³/s designados pelo PRHSF – Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
No domingo, a vazão foi baixada para 700 m³/s, chegando ao patamar de 689,88 m³/s, inferior a janeiro de 2017 quando a vazão foi reduzida ( com a emissão, pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, da Autorização Especial 08/2016 – Segunda Retificação) para a descarga mínima de 700 m3/s.
A situação atual é mais grave pois, neste momento, em contraposição a 2017, temos o acúmulo do imenso passivo socioambiental produzido pelas reduções a partir de 2013. Este, por sua vez, se soma aos impactos da UHE Sobradinho, desde 1979/80; os mais de vinte anos das operações da UHE Xingó; a crítica redução de vazões em 2007/8 e uma gestão de águas e territórios onde o panorama atual fala por si.