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HOT prepara um centro de mapeamento colaborativo para a América Latina

Montagem por InfoSãoFrancisco sobre reprodução HOT

por Carlos Eduardo Ribeiro Jr. | InfoSãoFrancisco

O HOT – Humanitarian OpenStreetMap Team está formando um grupo de trabalho para a criação de um Centro de Mapeamento Colaborativo para a América Latina e Caribe de modo a possibilitar mais e melhor suporte técnico aos projetos de mapeamento na região e lança campanha para seleção e contratação de pessoas colaboradoras para o primeiro estágio do projeto.


Um bilhão de pessoas a mapear

Em 2019 o HOT lançou o projeto de mapeamento de uma área global na qual vivam cerca de um bilhão de pessoas em situação de pobreza e morando em zonas com risco de desastres em escala mundial.

De modo a ordenar e priorizar as áreas que deveriam ser mapeadas, foram selecionados os países que estavam incluídos em um dos critérios abaixo, que seriam indicadores de risco significativo de catástrofe ou de existência de níveis de pobreza elevada:

Risco de catástrofe alto ou muito alto (Índice Mundial de Riscos)

Índice de multidimensional de pobreza de 0,09 ou superior (UNDP)

População de 4 milhões ou mais de pessoas em situação de pobreza multidimensional (UNDP)

Níveis de pobreza extrema de 25% ou mais (Banco Mundial: renda abaixo de US$ 1,90/dia)

Como resultado, foi produzida uma lista com 94 países (dentre os quais o Brasil e outros da América Latina) que são considerados priorizados para as ações da organização até 2024.

Os países alvo para o mapeamento de um bilhão de pessoas. Reprodução: HOT

Um centro de suporte técnico e auxílio à gestão de projetos para a América Latina

Com o objetivo de fortalecer sua estrutura de ação na América Latina e no Caribe o HOT está desenvolvendo a implantação de um Centro de Mapeamento Colaborativo exclusivo para a região, até então desprovida de atendimento específico.

Nos próximos meses o HOT previu um processo construtivo de colaboração com as comunidades locais e colaboradores do mapeamento colaborativo na América Latina em três níveis:

Projetos foco ou básicos: Apoiar projetos locais específicos, de pequeno e médio portes, em curso ou novos, que trabalhem com dados cartográficos abertos, indicando como podem contribuir para o bem estar coletivo.

Apoio regional: Buscar mais comprometimento com comunidades locais e coletar e documentar problemas e oportunidades locais que possam contribuir para o mapeamento aberto, assim como permitir o estabelecimento de relações e cooperações entre diversas partes e o HOT, comunidades, organizações e governos.

Espaço amplo de aprendizagem e conhecimento: Conectar os diversos atores regionais e dando partida e apoio a oportunidades que possam beneficiar a difusão do Mapeamento Aberto em toda a América Latina, apoiando também a infraestrutura de dados abertos na região.

Próximas etapas do núcleo regional e contratações

Para a concepção e instalação do centro regional o HOT entende que deverá forma e contratar uma pequena equipe multidisciplinar, diversa, e com reconhecidas aptidões específicas da região. Tais características, segundo a organização, permitirão o apoio aos diversos níveis de ação do projeto.

O HOT estabeleceu os requisitos e capacidades para a seleção de candidatos que já está disponível aqui, oferecendo a todas as pessoas interessadas a oportunidade de agregação à formação do Centro LATAM de mapeamento colaborativo.

MapSãoFrancisco: um núcleo nativo para a bacia do Velho Chico

De forma coincidente e paralela, com objetivos muito semelhantes, foi lançado há poucos dias pela Canoa de Tolda e pelo InfoSãoFrancisco, o MapSãoFrancisco, que conta com o suporte técnico do HOT e da UFAL – Universidade Federal de Alagoas, através de seu curso de Engenharia de Pesca em Penedo.

A iniciativa propõe o mapeamento colaborativo de populações e situações de injustiça socioambiental, zonas de risco, de vulnerabilidade e ainda de insuficientes ou ausência de políticas públicas básicas e inclusivas em toda a bacia hidrográfica do rio São Francisco.

Como primeiro projeto, o MapSãoFrancisco lançou o Mapeamento das Lagoas e Várzeas Marginais do Baixo São Francisco, que conta com o apoio da UFAL – Universidade Federal de Alagoas, através de seu curso de Engenharia de Pesca, em Penedo.


As áreas de mapeamento de lagoas e várzeas no Baixo São Francisco. Mapa: InfoSãoFrancisco


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Fontes: Canoa de Tolda; HOT – Humanitarian OpenStreetMap Team; MapSãoFrancisco


Sobre o autor

Carlos Eduardo Ribeiro Junior

Co-criador do InfoSãoFrancisco e coordenador do projeto.