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Para garantir volume em Itaparica, Baixo São Francisco com mais água [pouca coisa]

O estuário do São Francisco. Foto: Edson Góes | InfoSãoFrancisco.

por Redação

A partir de hoje (08), as descargas da UHE Xingó serão elevadas de modo a reduzir o armazenament em Itaparica, possibilitando o aumento do volume de espera em caso de eventual incremento de afluência no período úmido.


Na tarde de ontem (07), seguindo um padrão de comunicações sem o uso dos correios eletrônicos institucionais, a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, encaminhou mensagem via SMS de telefonia celular anunciando a elevação das descargas defluentes da UHE Xingó a partir de hoje (08).

Reprodução: Redes Sociais.

De acordo com a empresa, as vazões passarão dos atuais 800 m³/s (oitocentos metros cúbicos por segundo) de média diária para 1.200 m³/s. A modificação das operações do barramento se dá em razão de aumentar o volume de espera no reservatório da UHE Itaparica (atualmente com cerca de 60% de sua capacidade) de modo a formar o chamado “volume de espera”.

A situação dos reservatórios, com Itaparica em cerca de 60% de sua capacidade. Gráfico: ANA/SNIRH.

O volume de espera é aquele destinado a receber incremento de vazões em caso de alterações na hidrologia do rio São Francisco no seu período úmido. Sejam mais chuvas na região do Alto São Francisco, ou mesmo situações meteorológicas mais localizadas, com chuvas pesadas no semiárido de Pernambuco e da Bahia, a exemplo do que ocorreu em 2003, 2004 e 2005.

Deve ser registrado que a CHESF vem mantendo com grande precisão operações consistentes de vazões abaixo dos 700 m³/s da vazão mínima estabelecida pela LO – Licença de Operação da UHE Xingó emitida pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o que pode ser conferido no hidrograma abaixo produzido pela ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico e pelo SNIRH – Sistema Nacional de Informações Sobre Recursos Hídricos.

As vazões no Baixo São Francisco ao longo dos últimos sete dias. Gráfico: ANA/SNIRH.
A alteração de vazões da UHE Xingó no início do dia 08. Gráfico: ANA/SNIRH

Desencontros

A medida vai de encontro ao que foi apresentado na derradeira reunião do ano da Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio São Francisco, promovida pela ANA na manhã do dia de ontem (07), pelo ONS – Operador Nacional do Sistema.

Na ocasião o ONS expôs sua mais recente configuração do modelo hidrológico que seria aplicado ao São Francisco, onde seriam mantidas as vazões de 800 m³/s tanto no Sub-médio São Francisco (com as defluências da UHE Sobradinho) como no Baixo São Francisco (com as operações da UHE Xingó) para dezembro e janeiro próximo.

Ao final da tarde, a CHESF enviava o comunicado de alteração nas vazões.

O aperto imposto ao Velho Chico

Devemos lembrar que recentemente a ANA publicou seu Plano de Contingência (veja também a apresentação do Plano de Contingência da ANA) e a Resolução ANA 111/2021 onde estabelece condições de vazões mínimas para o Velho Chico com o objetivo, segundo a agência, de recuperar os reservatórios. Um plano que, como o modelo imposto pela Resolução ANA 2081/2017 não contém qualquer elemento ambiental e não é objeto de contraposição da parte do IBAMA, o órgão licenciador máximo que tem como missão primeira a proteção do patrimônio natural brasileiro do qual, supomos, o rio São Francisco ainda faz parte.

No fechamento da matéria a vazão praticada na UHE Xingó era de 887,75 m3/s às 08:00 hs, como no hidrograma abaixo.

A descarga da UHE Xingó no fechamento da matéria. Gráfico: ANA/SNIRH

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Fontes: CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco; ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico; SNIRH – Sistema Nacional de Informações Sobre Recursos Hídricos