Nesta série da foto reportagem O Rio Que Sobrou será apresentada a campanha de uma das varreduras das atividades do projeto Sobradinho +40 – A Desintegração do Rio da Integração no Baixo São Francisco. Com esta atividade inicial será possível a organização de sub-projetos que tentarão construir um conjunto de informações (dados, imagens, depoimentos, análises) sobre o São Francisco após quarenta anos de regularização (incluindo as interferências posteriores à barragem de Sobradinho).
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A beleza ainda visÃvel na região, como o canal de Brejo Grande, é utilizada como uma camuflagem para o desastre que é o São Francisco.
A caminho do canal da Parapuca e as pouco referenciadas barras sul do delta do São Francisco, o inÃcio de uma complexa e longa contabilidade do passivo socioambiental crescente legado ao Baixo São Francisco.
No Saramém, em zona já bem próxima da foz, com a barra do rio mais e mais aberta, os impactos da dinâmica costeira do mar e o desaparecimento do cordão protetor dos manguezais, muito provavelmente acelerarão de forma imprevisÃvel o processo erosivo que tende a riscar do mapa a localidade.
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Com a obstrução â o mar rompeu a barra da Costinha e avança rapidamente sobre o continente â do lendário canal da Parapuca, que ligava a calha do rio à s barras do sul, as navegações se dão através de pequenos canais entre as ilhas da região.
Todos os espaços possÃveis estão sendo ocupados pelas fazendas de camarão.
Na entrada da barra do Funil, e em zona imediatamente contÃgua à REBIO â Reserva Biológica de Santa Izabel (Unidade de Conservação Federal costeira entre Pirambu e a Ilha do Arambipe), os tanques de camarão também estão presentes.
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Na região da barra das Araras, já na divisa de Brejo Grande com Pacatuba, pequenas comunidades sobrevivem de extração de mariscos (sururu, massunim, lambreta e outros) que, no entanto, é praticada sem manejo.
A pressão econômica sobre a atividade de coleta de mariscos, com alta demanda sobretudo nas capitais Aracaju e Maceió e a inexistência de manejo coloca em risco o futuro das espécies e das pessoas que delas tiram seu sustento.
Com a regularização do rio e o fim das cheias, a região sul da zona costeira da foz não tem mais qualquer influência da dinâmica fluvial do rio livre.
Sem a APA da Foz, uma proposta de 2003 cujo decreto finalizado não foi assinado pela presidência da República, a região não tem proteção.
A barra das Araras, próxima à Ponta dos Mangues, em Pacatuba, SE. A derradeira barra no extremo sul da zona costeira da foz do São Francisco.
O mar é ali, atrás do estreito cordão de restingas, extremidade sul da ilha do Arambipe, que o separa da laguna salgada no sul da zona costeira da foz.
A regularização provocou a perda dos sedimentos que o São Francisco, antes pujante, espalhava por todo o litoral norte de Sergipe. Sem os sedimentos, verifica-se, através de imagens satélite, o deslocamento da barra das Araras cada vez mais para o sul.
Na baixa mar, os rios de água salgada que correm de volta para o mar.
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Na maré baixa, os catadores de mariscos nas croas que, linhas tênues, são um leve divisor entre a água e o céu.
A placa da ADEMA, órgão ambiental de Sergipe, estabelece a legalização das fazendas de camarão.
Pelos canais secundários da Parapuca a navegação é complexa e deve se preferencialmente realizada durante a maré cheia.
Oficialmente, a zona costeira sul da foz do São Francisco não consta na poligonal da bacia hidrográfica.
Sem proteção, alvo de exploração desmesurada, omissão da sociedade e dos governos: não seria delÃrio estabelecer que a região da foz do São Francisco está com os dias contados.
Pela Parapuca.
Esta reportagem faz parte do projeto Sobradinho +40 – A Desintegração do Rio da Integração.
Produção da matéria:
Carlos Eduardo Ribeiro Jr – Organização, fotos e texto
Daiane Fausto dos Santos – tratamento de imagens
Edson Goes Ferreira – fotos drone
Artigos de autoria e opinião não refletem, obrigatoriamente, posições e opiniões do InfoSãoFrancisco,
