REDAÇÃO
Comunicado da CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco anuncia uma nova mudança de operação na UHE Xingó, que terá aumento na vazão defluente média
Através da Carta Circular SOO-035/2020 de 09 de outubro, a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco divulgou novas informações sobre as vazões a serem adotas nos Sub-médio e Baixo São Francisco, a partir de determinação do ONS – Operador Nacional do Sistema.
Veja como ficam as vazões ainda em outubro:
UHE Sobradinho – mantidas as vazões de 1.700 m³/s (hum mil e setecentos metros cúbicos por segundo – vazão média diária).
UHE Xingó – aumento para 2.000 m³/s (vazão média diária) a partir do dia 24 próximo com a possibilidade de novo patamar de 2.500 m³/s.
Os valores das vazões defluentes em Xingó estão dentro do padrão das vazões anteriores a 2013 seguindo o estabelecido com a construção de Sobradinho, que regularizou o Baixo São Francisco na faixa de 2.060 m³/s.
Veja abaixo o comunicado da CHESF na íntegra
A desinformação a serviço do apagamento da memória do rio menos ruim
É recorrente, sobretudo mais recentemente com a expansão das mídias sociais e em meio a um quadro temporal de sete anos de penúria, sem água, que a cada aumento da vazão no Baixo São Francisco ocorra a disseminação de notícias falsas, enganosas, além de nocivas para a memória do panorama socioambiental na região.
A qualquer comunicado de uma melhoria na vazão (que até não muito tempo estava abaixo dos 1.300 m³/s , vazão mínima estabelecida pelo Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco), a boataria virtual de que “muita água vem por aí”, o rio “botou uma água”, a “cheia deixou os barracos, tudo debaixo d’água” se alastra e fomenta olhares incapazes da observação crítica da realidade: a partir do desconhecimento e desinformação, a falsa percepção do rio com “muita água” vai sendo sedimentada.
Nada melhor para o setor elétrico e seu sistema de gestão das águas do São Francisco.
Autorização de vazão mínima de 550 m³/s em vigor
Sob o silêncio de todos os entes da gestão, municípios, estados e da sociedade do Baixo São Francisco, Xingó segue operando com a Autorização Especial 012/2017 que permite a vazão mínima de 550 m³/s..
A manutenção ad eternum da autorização, quando a ANA define e estação como normal, é um precedente extremamente danoso para com o já precário processo de licenciamento de operações de barramentos, colocando em risco, pela temerária situação, não apenas o São Francisco, mas todos os demais rios brasileiros que tenham barramentos em suas bacias.
ATÉ QUE CAIA
Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.
Temos, então, que a UHE Xingó permanece operando com a acima citada Autorização Especial 012/2017, sem qualquer reação, inclusive por parte dos entes do sistema de gestão que, naturalmente, não são desconhecedores da situação.
Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).
Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, será mantida a republicação desta denúncia agregada à cada nova notícia, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.
Veja ainda
Vazões de Xingó: precisamos de informações precisas (a qualquer momento)
550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco
Fontes
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
Imagem em destaque – UHE Xingó. Foto: G1