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UHE Xingó – Vazão no Baixo mantida em 2.000 m³/s de média

Carlos Eduardo Ribeiro Junior

OPERAÇÕES DE BARRAMENTOS | VAZÕES UHE XINGÓ
REDAÇÃO INFOSÃOFRANCISCO

Comunicado da CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco do dia 20 estabelece novas vazões para a UHE Sobradinho e mantém as defluências de 2.000 m³/s em Xingó

No final da manhã de ontem (20), a CHESF encaminhou a Carta Circular 036/2020 (ver abaixo) comunicando novas vazões defluentes para Sobradinho e com observações sobre as operações da UHE Xingó (notar que é o segundo comunicado em menos de quinze dias, sendo anterior emitido no dia 9 deste mês).

O Baixo São Francisco sob a influência da UHE Xingó. Cartografia InfoSãoFrancisco

As operações, de forma resumida, ficarão:

UHE Sobradinho – passa dos atuais 1.700 m³/s (hum mil e setecentos metro cúbicos por segundo) para 1.300 m³/s no dia 20/10 (ontem, data da emissão do comunicado) e no dia 21 para 800 m³/s (uma diferença considerável de água a ser retida em Sobradinho: 900 m³/s).

UHE Xingó – será mantida “na faixa” de 2.000 m³/s.
Oservar no comunicado que as vazões no Baixo São Francisco permanecem solidamente definidas pelo ONS – Operador Nacional do Sistema que, a qualquer momento pode solicitar mudanças na operação de Xingó para atendimento das demandas do SIN – Sistema Integrado Naciona de distribuição de energia elétrica.

Meio ambiente (o rio São Francisco, seus ecossistemas aquáticos, ripários e costeiros) e populações são elementos ignorados na realidade da posse da água pelo setor elétrico, sob o silêncio dos entes da gestão, órgãos ambientais federais, estaduais, bem como a sociedade brasileira, regional, local incluindo estados e municípios.

Veja abaixo a Carta Circular 036/2020

AcervoCanoaDocs. Fonte: CHESF

Autorização de vazão mínima de 550 m³/s em vigor

Sob o silêncio de todos os entes da gestão, municípios, estados e da sociedade do Baixo São Francisco, Xingó segue operando com a Autorização Especial 012/2017 que permite a vazão mínima de 550 m³/s..

A manutenção ad eternum da autorização, quando a ANA define e estação como normal, é um precedente extremamente danoso para com o já precário processo de licenciamento de operações de barramentos, colocando em risco, pela temerária situação, não apenas o São Francisco, mas todos os demais rios brasileiros que tenham barramentos em suas bacias.

ATÉ QUE CAIA

Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.

Temos, então, que a UHE Xingó permanece operando com a acima citada Autorização Especial 012/2017, sem qualquer reação, inclusive por parte dos entes do sistema de gestão que, naturalmente, não são desconhecedores da situação.

Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).

Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, será mantida a republicação desta denúncia agregada à cada nova notícia, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.

Veja ainda

Vazões de Xingó: precisamos de informações precisas (a qualquer momento)

550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco

Fontes

CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

Imagem em destaque – UHE Xingó. Foto: G1