OPERAÇÕES DE BARRAMENTOS | VAZÕES UHE SOBRADINHO / UHE XINGÓ
REDAÇÃO INFOSÃOFRANCISCO
Através de comunicado (28), a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco estabelece elevação das vazões para a UHE Sobradinho, que chegará a 2.600 m³/s de defluência, enquanto a UHE Xingó passa a operar com 2.300 m³/s
No final da tarde de ontem (28), a CHESF divulgou a Carta Circular SOO 037/2020 (ver abaixo) comunicando novas vazões defluentes para a UHE Sobradinho e com observações sobre alterações nas operações da UHE Xingó (notar que é o terceiro comunicado ao longo do mês, tendo sido precedido pelos dos dias 9 e 20).
Segundo a CHESF, as vazões serão elevadas em Sobradinho por determinação do ONS – Operador Nacional do Sistema conforme apresentado na Reunião de Acompanhamento do Sistema Hídrico do rio São Francisco organizada pela ANA – Agência Nacional de Águas, ocorrida no último dia 27.
Com o novo modelo de operações as vazões defluentes nos Sub Médio e Baixo São Francisco:
UHE Sobradinho (Sub-médio São Francisco conforme tabela abaixo):
UHE Xingó (Baixo São Francisco) – será mantida “na faixa” de 2.300 m³/s com possibilidade de elevação até 2.500 m³/s.
Veja abaixo a Carta Circular SOO 037/2020
Informações desencontradas
Há uma situação de informações dissonantes geradas pela CHESF e pelo ONS, tendo ambos os entes participados da mesma reunião organizada pela ANA. Na reunião do dia 27 o ONS apresentou suas simulações para o período úmido do final de 2020 onde apresenta uma redução da vazão para cerca de 1.520 m³/s.
Informações desencontradas não favorecem, , o adequado entendimento – da parte das populações atingidas pelas operações de barramentos – das configurações do rio que atendem, prioritariamente, ao setor elétrico e que, com o modelo atual das operações de Xingó, com variações significativas e horárias, durante todo o dia, tornam a vida ribeirinha extremante difícil.
Veja abaixo a apresentação do ONS
Autorização de vazão mínima de 550 m³/s em vigor
Sob o silêncio de todos os entes da gestão, municípios, estados e da sociedade do Baixo São Francisco, Xingó segue operando com a Autorização Especial 012/2017 que permite a vazão mínima de 550 m³/s..
A manutenção ad eternum da autorização, quando a ANA define e estação como normal, é um precedente extremamente danoso para com o já precário processo de licenciamento de operações de barramentos, colocando em risco, pela temerária situação, não apenas o São Francisco, mas todos os demais rios brasileiros que tenham barramentos em suas bacias.
ATÉ QUE CAIA
Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.
Temos, então, que a UHE Xingó permanece operando com a acima citada Autorização Especial 012/2017, sem qualquer reação, inclusive por parte dos entes do sistema de gestão que, naturalmente, não são desconhecedores da situação.
Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).
Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, será mantida a republicação desta denúncia agregada à cada nova notícia, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.
Veja ainda
UHE Xingó: Vazão no Baixo mantida em 2.000 m³/s
Vazões de Xingó: precisamos de informações precisas (a qualquer momento)
550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco
Fontes
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
ONS – Operador Nacional do Sistema
Imagem em destaque – O alto sertão do Baixo São Francisco. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr/Canoa de Tolda