Em menos de 24 horas, sem aviso prévio com larga antecipação, as vazões no Baixo São Francisco são alteradas para 800 m³/s, escancarando o cada vez mais agressivo controle do setor elétrico sobre o São Francisco.
Ontem (23) o Baixo São Francisco foi surpreendido ao acordar com o rio visivelmente “mais baixo” quando deveria, pelos padrões definidos pela Resolução ANA 2081/2017, estar na média de 1.100 m³/s (hum mil e cem metros cúbicos por segundo), abaixo da restrição de 1.300 m³/s segundo a LO – Licença de Operação emitida pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
A situação foi veiculada através de nossa matéria Precipitadamente CHESF reduz vazões no Baixo São Francisco e recua horas depois que foi fechada meio da noite, tendo como última atualização o breve comunicado da CHESF (pelo seu sistema de SMS) de que as vazões retornariam aos 1.100 m³/s.
No entanto, logo em seguida, nos é repassado novo comunicado, o terceiro em menos de 24 horas, onde a CHESF passava a informação de que ‘após reavaliação do ONS – Operador Nacional do Sistema’ haveria novo retorno para as operações com 800 m³/s.
Veja abaixo o acompanhamento das variações das descargas da UHE Xingó relacionadas às comunicações da CHESF.
Gráfico 1 – Dia 22 (20:10), o primeiro comunicado é encaminhado às 20:10. A vazão às 22:00 se encontrava com o valor de 1.372,22 m³/s.
Na imagem acima, a primeira mensagem da CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, via SMS de telefonia celular.
Gráfico 02 – Às 23:00 a vazão, em processo de redução, se encontra em 1.244,55 m³/s.
Gráfico 03 -Às 03:00 do dia 23 (domingo), o padrão de descargas chega aos 700 m³/s.
Gráfico 04 – Às 08:00 há um pico mínimo de 716,37 m³/s, configurando o estabelecimento do novo padrão.
Gráfico 05 – Às 17:00 a vazão, ainda na faixa dos 700. A segunda mensagem da CHESF é recebido às 17:09.
Segunda mensagem SMS da CHESF. Reprodução.
Gráfico 06 – Às 20:00 a vazão é mantida na faixa de 880m³/s quando terceira mensagem da CHESF é encaminhada às 20:10.
Na imagem acima, a terceira mensagem SMS da CHESF.
Gráfico 07 – Às 01:00 as descargas são reduzidas para a faixa de 700 m³/s.
No fechamento desta matéria as defluências da UHE Xingó estavam em 779,83 m³/s (09:00).
Essa série de manobras intempestivas, agressivas e sem preparo das milhares de pessoas ao longo das margens do Velho Chico – já submetidas a situações degradantes de não acesso à água de qualidade sem qualquer suporte compensatório por parte do Estado e dos operadores do rio – pode ter válida a observação de que aumenta e se perpetua a situação de insegurança coletiva onde não é vislumbrada qualquer futuro relacionado à melhoria de usos e ocupações da bacia do rio São Francisco.
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Fontes
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico