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UHE Xingó: Dados de vazões instantâneas, agora disponíveis

A partir de agora é possível o acesso aos dados da principal estação fluviométrica no Baixo São Francisco e obter o conhecimento das vazões defluentes na saída da barragem de Xingó com atualizações (praticamente) instantâneas.

Depois de uma longa espera, a estação fluviométrica da UHE Xingó passa a fornecer as vazões instantâneas, uma demanda antiga que chegou ao extremo da formalização de manifestação/conflito via CGU – Controladoria Geral da União, envolvendo a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, operadora da base de medição.

Na semana passada a ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (que também foi envolvida no caso em razão da Resolução Conjunta ANA/ANEEL 003/2010 que estabelece, dentro inúmeras condicionantes, a divulgação de dados hidrológicos pelos operadores de barramentos geradores de energia) fez contato comunicando a ativação da Estação Fluviométria UHE Xingó/Barramento (código 49340080) para a geração de dados de vazões.

No mapa, a localização das estações fluviométricas mais relevantes (Xingó/Barramento e Propriá) para o acompanhamento das reais vazões de entrega do São Francisco na foz.

O conhecimento da vazão exata no barramento é essencial pois a defluência mínima (que faz parte do conjunto das regras, diretrizes e restrições para a operação da UHE) está vinculada às autorizações e licenciamentos do IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, resoluções da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, a partir de determinações de operações pelo ONS – Operador Nacional do Sistema.

Tendo o valor das vazões a qualquer momento, podem ser visualizadas as variações horárias, ao longo do dia (há ainda possibilidade de visualizações em períodos maiores), ajudando de forma significativa a exercer o essencial monitoramento cidadão das operações de Xingó, sabidamente com grandes impactos ao longo do Baixo, uma vez que seu sistema impõe às populações e ao meio ambiente, variações de grande amplitude, causando todo o tipo de transtorno.

Como explicamos em artigo de junho passado (VAZÕES DE XINGÓ: PRECISAMOS DE INFORMAÇÕES PRECISAS [a qualquer momento] ) , há muito que havia uma grande deficiência de informação quanto às vazões imediatamente na saída do barramento. A principal estação fluviométrica com dados de vazão era a de Propriá, Sergipe, não favorecendo a precisão da vazão exata na barragem, uma vez que há a possibilidade de interferências ao longo do trecho (entre Xingó e Propriá).

Acessando as informações da Estação UHE Xingó/Barramento

Passo a passo, veja abaixo como acessar a plataforma Hidro-Telemetria do SNIRH para obter os dados da Estação UHE Xingó/Barramento.

1- Acesse o Hidro-Telemetria clicando aqui (já estamos direcionando diretamente para o mapa).

A tela do Hidro-Telemetria, observando nas janela Bacias (rio São Francisco) e Estações (89340080 UHE-Xingó/Barramento)

Em seguida, acima do mapa, ative na janela Bacias, a do Rio São Francisco, o que abrirá a janela Estações.

2- Faça a rolagem das estações, descendo, até atingir a estação de código 49340080 – UHE Xingó/Barramento, clicando na mesma, que abrirá uma ficha como na tela abaixo:

A tela seguinte, com a ficha da estação UHE Xingó/Barramento aberta.

3- Na ficha da estação, ativar o ícone gerar Gráficos.

4- O gráfico básico gerado apresenta apenas o nível do reservatório da UHE Xingó. Será necessário clicar, na base do gráfico, no ícone Vazão.

5- Em seguida, a curva com as vazões horárias (podem ser configuradas para outros períodos) será gerada

Para atualizar os dados, basta atualizar a aba do seu navegador.

AUTORIZAÇÃO DE VAZÃO DE 550 M³/S AINDA EM VIGOR

Sob o silêncio de todos os entes da gestão, municípios, estados e da sociedade do Baixo São Francisco, Xingó segue operando com a Autorização Especial 012/2017 que permite a vazão mínima de 550 m³/s..

A manutenção ad eternum da autorização, quando a ANA define e estação como normal, é um precedente extremamente danoso para com o já precário processo de licenciamento de operações de barramentos, colocando em risco, pela temerária situação, não apenas o São Francisco, mas todos os demais rios brasileiros que tenham barramentos em suas bacias.

ATÉ QUE CAIA

Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.

Temos, então, que a UHE Xingó permanece operando com a acima citada Autorização Especial 012/2017, sem qualquer reação, inclusive por parte dos entes do sistema de gestão que, naturalmente, não são desconhecedores da situação.

Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).

Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, será mantida a republicação desta denúncia agregada à cada nova notícia, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.


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Fontes

CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

SNIRH – Sistema Nacional de Informações Sobre os Recursos Hídricos

ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico


Imagem em destaque – Composição UHE Xingó/Tela SNIRH