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“Nós queremos reduzir a defluência”, diz setor elétrico, estando a Bacia do Velho Chico com reservatórios cheios

Reprodução: ANA/Youtube

por InfoSãoFrancisco

Setor elétrico manterá vazões reduzidas no Baixo São Francisco, mesmo tendo o conhecimento dos impactos produzidos, há anos, pelas operações de barramentos sobre ecossistemas e vida da população ribeirinha.


Em mais uma reunião mensal (em 07/03) de acompanhamento da situação hidrológica do rio São Francisco (as videoconferências de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio São Francisco organizadas pela ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, a cada início de mês) o setor elétrico, através do ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico, afirmou que irá manter o regime de vazões mínimas na hidrelétrica de Xingó, com descargas na faixa (média) de 1.100 m3/s (mil e cem metros cúbicos por segundo).

A posição do ONS foi reiterada em um momento em que os reservatórios estão todos caminhando para o volume máximo (acima de 89% de seus volumes), portanto sem que haja qualquer crise hídrica, e também pelo pleno conhecimento do setor elétrico do quadro atual do passivo socioambiental no Baixo São Francisco.

O panorama dos impactos produzidos pelos barramentos no Baixo São Francisco foi apresentado pela Sociedade Canoa de Tolda. que trouxe para os participantes uma linha do tempo dos impactos das operações de barramentos na região sobre os ecossistemas e vida das populações ribeirinhas nos últimos vinte e cinco anos.

A decisão do setor elétrico em manter um regime de arrocho hídrico para a região significa, em termos práticos, mínimas das descargas da hidrelétrica de Xingó com valores na faixa de 850 m³/s.

O modelo operativo dos barramentos imposto pelo setor elétrico indica que situações recentemente reportadas pelo InfoSãoFrancisco, como a precarização das atividades de navegação (travessias de balsas, sobretudo, no alto sertão do Baixo São Francisco) tenderão a ficar recorrentes.

Além do segmento da navegação, populações difusas ao longo das margens, sem sistemas de abastecimento de água, terão suas vidas ainda mais dificultadas na busca pela água tanto para uso humano como para emprego em agricultura de subsistência.

Entregues à própria sorte, populações ribeirinhas enfrentam dificuldades para obter água para necessidades mínimas de sobrevivência no Baixo São Francisco. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr./InfoSãoFrancisco.

Quanto aos ecossistemas aquáticos, ripários e de transição, com as evidências apresentadas na reunião pela Sociedade Canoa de Tolda, sofrerão mais uma sobreposição de impactos aos que já se verificam desde que o São Francisco foi regularizado em 1979/80 com a construção de Sobradinho.

A manutenção de um padrão de vazões mínimas para o Baixo São Francisco na faixa dos mencionados 850 m³/s é um retorno ao quadro hidrológico de 2015, quando o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis emitiu a Autorização Especial 07/2015.

A 3ª reunião em 2023 de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio São Francisco pode ser assistida em sua integralidade no vídeo abaixo.

A apresentação do ONS pode ser acessada/descarregada abaixo.

A apresentação da Canoa de Tolda pode ser acessada/descarregada abaixo.

Em 14 de março de 2023 os volumes dos reservatórios da bacia hidrográfica do rio São Francisco era:

Três Marias – 91,63 %

Sobradinho – 91,08 %

Itaparica – 46 %

Equivalente (todos os reservatórios da bacia) – 84,45 %

Fontes: ANA, ONS, Canoa de Tolda


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