Mapas divulgados pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da UFAL – Universidade Federal de Alatoas, mostram seca com umidade dos solos abaixo de 10%, o que é uma situação crítica.
As secas, tão presentes historicamente na região, estão mais intensas, conforme mapeamento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) publicado no início da semana.
De acordo com o professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, o atual quadro de baixa umidade registrado esse mês é mais grave em relação aos outros meses. “Em novembro, praticamente todo o semiárido está com umidade abaixo de 10%, percentual considerado muito baixo. É normal para essa época do ano, naturalmente seca. Mas no Nordeste, as chuvas estão abaixo da média. As temperaturas também estão mais altas, 1 a 2 graus acima da média. Não temos nenhum sinal de la Niña ou de el Niño no Pacífico, então o Oceano Atlântico é quem está influenciando o clima. Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) está dominando. O resultado é chuvas abaixo da média e altas temperaturas, em relação à média histórica”, analisa.
O mapeamento é realizado semanalmente pelo Laboratório e, de acordo com Barbosa, “é o melhor indicador agrometeorológico e a ferramenta mais prática é mais rápida para informar ao agricultor sobre a condição da umidade do solo propícia à produção”. A radiografia da seca foi feita com base na análise da umidade dos solos de cada município, obtidas a partir de imagens de satélites. A umidade dos solos é um índice de secas que fornece um panorama atualizado do avanço do fenômeno em cada área da região.
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) monitora a situação da seca nos estados do Nordeste brasileiro, a partir de satélites. De acordo com os mapas divulgados esta semana, os estados do Nordeste brasileiro enfrentam atualmente uma condição de seca intensa.
A situação já é bastante crítica e a maior parte dos municípios da região encontra-se em situação de emergência, de acordo com a Defesa Civil nacional. Esse reconhecimento permite que o governo federal transfira recursos para ações de resposta aos impactos da seca nos locais mais afetados.
Radiografia da seca
O quadro é apresentado com base na análise da umidade dos solos de cada município.
As informações são obtidas a partir de imagens de satélites, que permitem mapear, com a mesma metodologia, toda a região.
A umidade dos solos é um índice de secas que fornece um panorama atualizado do avanço do fenômeno em cada área da região. A imagem de satélite pode subsidiar ações de contingência para a gestão de riscos e desastres na região.
VEJA OS MAPAS PRODUZIDOS PARA CADA ESTADO DO NORDESTE
Alagoas
A imagem de satélite da umidade dos solos em Alagoas mostra que 87 dos seus municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixa. O número corresponde a 85% dos municípios do estado que enfrentam seca atualmente.
Um total de 39 municípios foram reconhecidos em situação de emergência por conta da estiagem.
Bahia
De acordo com o monitoramento por satélites da umidade dos solos, na Bahia, 377 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a 90% dos municípios do estado que enfrentam seca.
Segundo a Defesa Civil, 189 municípios estão em emergência, por ocasião de seca e estiagem.
Ceará
A imagem de satélite mostra que, no Ceará, 176 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixa. O número corresponde a 95% dos municípios da região que enfrentam situação crítica de seca atualmente.
De acordo com a Defesa Civil, 58 dos municípios cearenses estão em situação de emergência, por ocasião de seca ou estiagem.
Maranhão
A imagem de satélite mostra que, no Maranhão, 178 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixo. O número corresponde a 82% dos municípios maranhenses que enfrentam situação de seca.
Apesar da seca no Maranhão, não há reconhecimentos vigentes de situação de emergência em municípios do estado.
Paraíba
A imagem de satélite mostra que, na Paraíba, 216 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a cerca de 97% dos municípios do estado.
De acordo com a Defesa Civil, 177 municípios já foram reconhecidos em situação de emergência, por conta da estiagem.
Pernambuco
A imagem de satélite mostra que, em Pernambuco, 169 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a 91% dos municípios do estado que enfrentam situação de seca intensa.
Segundo a Defesa Civil, 120 municípios pernambucanos já foram reconhecidos em situação de emergência pelo governo federal, por conta de seca ou estiagem.
Piauí
A imagem de satélite mostra que, no Piauí, 221 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a 98% das localidades.
De acordo com a Defesa Civil nacional, apenas 45 municípios estão reconhecidos em situação de emergência no estado.
Rio Grande do Norte
A imagem de satélite mostra que, no Rio Grande do Norte, 156 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixo. O número corresponde a 93% dos municípios do estado que enfrentam seca atualmente.
Não há reconhecimentos vigentes de situação de emergência em municípios do estado.
Sergipe
A imagem de satélite mostra que, em Sergipe, 53 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixo. O número corresponde a 70% dos municípios do estado que enfrentam seca atualmente.
De acordo com a Defesa Civil, apenas 8 municípios foram reconhecidos em situação de emergência pelo governo federal, por ocasião de seca e estiagem.
O PANORAMA DA SECA EM TODO O NORDESTE E SEMIÁRIDO BRASILEIRO
A imagem, a seguir, mostra um panorama da seca, a partir da análise da umidade dos
solos, em toda a região do Nordeste e do Semiárido brasileiro.
Conclusão
Com ações de treinamento e capacitação, muitos gestores e tomadores de decisão poderiam utilizar o potencial da ferramenta umidade dos solos para planejar ações de resposta à seca, em tempo hábil. Inclusive, ela pode ser útil para justificar a solicitação do reconhecimento federal de situação de emergência em municípios da região.
A medida é importante porque, ao atualizarmos o mapa da seca no Nordeste brasileiro, em novembro de 2019, identificamos que, em geral, o número de municípios em emergência é muito inferior às localidades que já enfrentam seca intensa. Isso significa que muitos municípios secos não dispõem de recursos para adotarem as medidas de resposta. Desse modo, a gestão do risco de desastre, por conta de seca ou estiagem, requer uma constante atualização, com ferramentas adequadas.
As imagens de satélite da umidade dos solos são alternativas efetivas para o planejamento das ações de contingência.
Fontes
SIMACAATINGA. Sistema de Monitoramento e Alerta para cobertura vegetal da Caatinga (SIMACaatinga). Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites, Universidade Federal de Alagoas, Maceió-AL, Novembro, 2019
Site O Eco
◊ Imagem em destaque – Caatingas devastada no interior de Pão de Açúcar, AL. Foto | Rede InfoSãoFrancisco