Ignorando não apenas a grave situação de infestação de algas e vegetação invasora exótica que compromete o acesso à água de qualidade em todo o Baixo São Francisco, mas o quadro terminal do São Francisco, o setor elétrico prossegue com o controle das vazões estabelecendo o rio “normal” oficial.
Após um final de semana com extremamente baixas (sem prevenção antecipada, o que causou problemas relativos ao acesso à água), a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco comunicou hoje, através da Carta Circular SOO-029/2020 que, a partir do próximo dia 4 (ou seja, amanhã) as vazões da UHE Xingó obedecerão ao determinado pelo ONS – Operador Nacional do Sistema para o mês de agosto, qual seja: vazão média semanal de 1.300 m 3 /s, sendo praticada nos dias úteis vazão média diária na faixa de 1.400 m³/s (hum mil e quatrocentos metros cúbicos por segundo) e fins de semana vazão média diária de 1.100 m³/s.
A operação de Xingó segue a redução da vazão defluente de UHE Sobradinho que, por sua vez, a partir do dia 4 de agosto passará de 1.600 m³/s para 1.400 m³/s.
A situação de infestação de algas verdes e vegetação macrófita invasora (que revestem, mortas e em decomposição zonas da borda do espelho d´água e leito do rio), sem qualquer ação de controle e/ou erradicação, segue de forma cumulativa anunciando, para os meses de verão, com águas aquecidas, um quadro ainda mais grave.
No entanto, sob o silêncio da sociedade, de municípios, estados e órgão e/ou departamentos da União permanece valendo e há que insistir, o lema “água pra lá, algas pra cá”, ou ainda, “para riba, água, para o Baixo, algas”.
Veja abaixo a Carta Circular SOO-029/2020
ATÉ QUE CAIA
Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.
Temos, então, que a UHE Xingó permanece operando com a acima citada Autorização Especial 012/2017, sem qualquer reação, inclusive por parte dos entes do sistema de gestão que, naturalmente, não são desconhecedores da situação.
Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).
Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, será mantida a republicação desta denúncia agregada à cada nova notícia, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.
Fonte
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
Veja ainda
550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco
Dos donos da água para o Baixo São Francisco: vazão de 1.100 m³/s até setembro
◊ Imagem em destaque – UHE Xingó. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco