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Sobradinho atinge 67 % de seu volume, sem notícias de maiores vazões para o Baixo

O reservatório de Sobradinho segue enchendo à mercê de restrições de operações impostas pelo setor elétrico com dispositivos que consolidam seu domínio da água fortalecido pelo silêncio da sociedade, de estados e municípios do Baixo: não há perspectivas da região observar vazões estáveis, a curto prazo e por período longo, acima de 1300 m³/s

De acordo com a ANA – Agência Nacional de Águas, ontem, dia 24, o reservatório de Sobradinho atingiu a marca de 67,04% de sua capacidade, sem que, até o momento, não tenhamos notícias de intenção de aumento consistente na vazão a jusante de Xingó. Por sua vez, Três Marias tinha seu volume registrado em 99,47%.

Ainda segundo a ANA, as operações seguem rigorosamente a Resolução 2017/81 da ANA – Agência Nacional de Águas, que ignora a vazão mínima de 1.300 m³/s – hum mil e trezentos metros cúbicos por segundo – estabelecida pelo Plano da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – .

Gráfico – ANA – Agência Nacional de Águas

Veja ainda, abaixo, o gráfico com as afluências, defluências e volumes dos reservatórios ao longo da bacia do São Francisco:

Gráfico – ANA – Agência Nacional de Águas

Pandemia do coronavirus e água insuficiente, de má qualidade

Finalmente, há que se atentar que no início de uma gravíssima crise mundial de saúde coletiva sem precedentes, como a pandemia do novo coronavirus, onde o acesso à água de qualidade (e em quantidade)  temos que é situação fundamental para minimizar os efeitos devastadores que se anunciam (sobretudo para as populações difusas ao longo das margens, que continuam sem ter água adequada para seus cotidianos). No entanto, surpreende que o prosseguimento de vazões insuficientes para os padrões adequados de um Baixo São Francisco saudável, não seja objeto de pauta dos chamados gestores do SINGREH – Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos: um tema emergencial não citado e endossado pelos silenciosos estados e municípios da região.

Até que caia

Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.

Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).

Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, insistiremos nesse tema, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.


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Fontes

ASCOM/ANA – Agência Nacional de Águas


◊ Imagem em destaque – UHE Xingó / Estúdio Cisco