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Um mês do São Francisco versão 2021.2: setor elétrico manterá baixas vazões

 

Com nova fase de vazões reduzidas impostas pelo setor elétrico desde o início de 2021, o acúmulo do passivo socioambiental no Baixo São Francisco é o indicativo de que o espaço de tempo disponível é extremamente reduzido para ações emergenciais, em toda a bacia, que tentariam manter o São Francisco vivo.

 

 

A CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco enviou hoje comunicado através da Carta Circular SOO-002/2021 onde comunica que o padrão de operações das UHE Sobradinho e UHE Xingó serão mantidos para o mês de fevereiro:

UHE Sobradinho – com vazão de 900 m³/s (novecentos metros cúbicos por segundo).

UHE Xingó – com vazão de 1.050 m³/s.

A CHESF mantém a justificativa de que o padrão 2021 (já na segunda versão) do rio São Francisco a jusante das UHE Sobradinho e UHE Xingó  é voltado para atender aos dos modelos operacionais estabelecidos pela Resolução ANA 2081/2017 .

A manutenção das descargas de quantidades insuficientes de água para o Baixo São Francisco significa que, para o setor elétrico (e para os demais e silenciosos entes da gestão das águas do Velho Chico, além dos estados de Alagoas e Sergipe e respectivos municípios na região) está mantida a avaliação de ausência de impactos negativos para a vida aquática, e para aquela terrestre que do rio depende, incluindo, naturalmente, as populações humanas ribeirinhas.

HIDROGRAMAS AJUDAM A “VER” O COMPORTAMENTO NATURAL OU IMPOSTO DE UM RIO

Assim como um eletrocardiograma possibilita a visualização dos batimentos cardíacos de uma pessoa, o hidrograma de um rio é a representação gráfica de seus “pulsos aquáticos”, que podem ser naturais, nos rios livres, ou induzidos, nos rios barrados.

Na matéria “Variações de vazão da Resolução ANA – 2081/2017, foram previstas e respaldadas pelo IBAMA”, diz órgão o InfoSãoFrancisco apresentou, para efeito de comparação, dois hidrogramas de rios amazônicos [ainda] livres em conjunto com um hidrograma do Baixo São Francisco, onde fica comprovada a impossibilidade de normalidade com as operações, sobretudo, da UHE Xingó.

Aproveitando, mais uma vez, a possibilidade desse interessante meio de representação visual do comportamento de um rio, veja abaixo a comparação entre as variações de dezembro de 2020 seguidas imediatamente pelas vazões registradas em janeiro de 2021, todas na Estação UHE Xingó/Barramento

Fonte: ANA/SNIRH

Finalmente, veja abaixo o registro consolidado das vazões da UHE Xingó onde, mais uma vez, está comprovada a inviabilidade do Baixo São Francisco como um trecho de rio compatível com a manutenção dos ecossistemas aquáticos e dos terrestres relacionados àqueles, o que inclui as populações humanas ribeirinhas.

Fonte: ANA/SNIRH

Veja abaixo a Carta Circular SOO-002/2021 na íntegra

 

O espaço neste sítio está disponível para esclarecimentos por parte de órgãos e entidades citados.


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ACP das Algas – determinada realização de perícia no Baixo São Francisco 


Fontes

CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico


Imagem em destaque – Leito do rio exposto com vazões reduzidas, apresentando ainda a vegetação de transição invasora. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | InfoSãoFrancisco