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Vazões da UHE Sobradinho reduzidas: mais impactos no Baixo São Francisco

Em menos de uma semana após comunicar redução nas vazões defluentes a partir de Sobradinho, o setor elétrico, através da CHESF impõe nova redução de vazões (em Sobradinho), desenhando um período futuro com ainda menos água para o Baixo São Francisco.

Através do comunicado Carta Circular SOO-030/2020 emitido ontem, quinta-feira (6), a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco anunciou que a UHE Sobradinho terá, a partir de hoje (7) novo padrão de vazões defluentes, a saber:

No dia 7 de agosto (sexta-feira) – de 1.400 m³/s para 1.200 m³/s

No dia 8 de agosto (sábado) – de 1.200 m³/s para 1.100 m³/s

Segundo a empresa, a manobra tem como objetivo a manutenção do volume no reservatório da UHE Itaparica.

As operações para a UHE Xingó

A CHESF ainda informa que as vazões da UHE Xingó, por ora, atenderão ao determinado pelo ONS – Operador Nacional do Sistema para o mês de agosto, qual seja: vazão média semanal de 1.300 m 3 /s, sendo praticada nos dias úteis vazão média diária na faixa de 1.400 m³/s (hum mil e quatrocentos metros cúbicos por segundo) e fins de semana vazão média diária de 1.100 m³/s.

Com as vazões baixas e grandes variações, os  impactos da infestação de algas e vegetação são cresecentes. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco

O cenário das algas e vegetação mortas é desolador e não convida ao convívio com o rio. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco

O setor elétrico e demais entes da gestão das águas do São Francisco, bem como a sociedade, municípios e estados em seu trecho baixo seguem ignorando os desastrosos efeitos das reduções de vazão (legitimadas, desde a publicação da Resolução ANA 2081/2017, sem maiores consequências reativas, abaixo do valor de 1.300 m³/s estabelecidos pelo Plano de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco) e agressivas operações de barramentos que, se sobrepondo ao passivo da regularização (com a UHE Sobradinho e sucessivos empreendimentos).

Com a redução ainda maior das vazões e proximidade de estações mais quentes, podemos concluir que o quadro já terrível de infestação de algas verdes e vegetação macrófita invasora tenderá à expansão dos bancos de organismos bem como da massa em decomposição que se acumula nas bordas do espelho d’água e fundo do leito do rio São Francisco.

Está mantida, portanto, a regra do “água pra lá, algas pra cá”, ou ainda, “para riba, água, para o Baixo, algas”.

Veja abaixo a Carta Circular SOO-030/2020

Acervo CanoaDocs. CHESF

ATÉ QUE CAIA

Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.

Temos, então, que a UHE Xingó permanece operando com a acima citada Autorização Especial 012/2017, sem qualquer reação, inclusive por parte dos entes do sistema de gestão que, naturalmente, não são desconhecedores da situação.

Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).

Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, será mantida a republicação desta denúncia agregada à cada nova notícia, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.


Fonte

CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco


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◊ Imagem em destaque – UHE Xingó. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco