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Água pouca 3: CHESF reduz vazão de Sobradinho para 1400m³/s

Seguindo a linha da confortável normalidade do domínio da água pelo setor elétrico, situação proporcionada pela Resolução ANA 2081/2017, a CHESF comunicou ontem (30 de abril) nova vazão de Sobradinho a partir de hoje, 1º. de maio

Através da Carta Circular SOO/020-2020 a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco comunicou no dia 30 de abril que a partir de 1º. De maio as operações de Sobradinho passam a praticar vazões defluentes (médias diárias) de 1.400 m³/s.

É importante notar que o volume de Sobradinho hoje (1º. De maio) se encontra em 91,22% (ANA), considerando que em 2012 (antes da redução das vazões regularizadas, no início de 2013) tínhamos para o período 76,01%.

Gráfico via ANA

Deve ser ainda retomado o anúncio da ANA – Agência Nacional de Águas, no dia 15 passado (com atraso) de que Sobradinho entrara em padrão normal de operação. No entanto, vemos um modelo de gestão do São Francisco que, sem maiores delongas, prioriza o atendimento prioritário ao setor elétrico.

A imposição da Resolução 2081/2017 da ANA que ignora a vazão mínima de 1.300 m³/s – hum mil e trezentos metros cúbicos por segundo – estabelecida pelo Plano da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco –  demonstra que será difícil (a não ser através de caminhos judiciais) o retorno de vazões da ordem de 2.000 m³/s. Demonstra também que estão longe de fim os passivos socioambientais no Baixo São Francisco, que se acumulam e se potencializam desde 1979/80 com a construção de Sobradinho e a regularização do rio.

A sobrevivência do São Francisco, em particular seu trecho baixo e suas populações, nitidamente não está na pauta da sociedade brasileira.

Até que caia

Em 13 de dezembro de 2019 foi publicada a matéria 550 m³/s! Vazão mínima autorizada [ainda] em vigor no Baixo São Francisco. Desde aquela data não são conhecidas, até o momento, disposições e/ou ações que levem ao cancelamento da Autorização Especial IBAMA 012/2017 e necessárias responsabilizações.

Os efeitos danosos se acumulam ao passivo já considerável de exatos quarenta anos de regularização desde a entrada em operação de Sobradinho (1979/80).

Para que esse caso não caia no esquecimento, na normalidade cotidiana, insistiremos nesse tema, ininterruptamente, até que seja conhecida reação que conduza ao cancelamento/revogação desta licença que equivale a mais um desastroso passo rumo ao fim do rio São Francisco.


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Fontes

ANA – Agência Nacional de Águas
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
ONS – Operador Nacional do Sistema


◊ Imagem em destaque – Sertão do Baixo São Francisco | Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco