Sem novidades para o prosseguimento de operações de barramentos ditadas pelo setor elétrico com o endosso dos demais entes do sistema de gestão, o Baixo São Francisco permanecerá em situação crítica, com as insuficientes e ínfimas vazões médias de 1.100 m³/s até o mês de setembro (esse é o futuro desenhado pelo ONS – Operador Nacional do Sistema).
Qualificado como NORMAL (veja quadro abaixo) pela ANA – Agência Nacional de Águas, o quadro atual nos mostra Sobradinho com 95,19 % de sua capacidade e Itaparica com 59%. As vazões de Sobradinho serão incrementadas para 1.600 m³/s de modo a, seguindo a Resolução 2081/2017, finalizar o enchimento de Itaparica.

Quadro da situação de operações de barramentos. Fonte: ANA
Enquanto isso, a cruel normalidade (vinda de anos) para o Baixo está envolta em algas, vegetação macrófita invasora, beira de rio em decomposição, além da salinização da água na região da foz.
Com as operações definitivamente regidas (institucional, formal e legalmente) pela predatória Resolução 2081/2017 publicada pela ANA, o Plano da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (cuja atualização custou cerca de R$6,8 milhões, com recursos provenientes da cobrança pelo uso da água do rio São Francisco), documento base para a gestão da água e que define a vazão mínima de 1.300 m³/s (hum mil e trezentos metros cúbicos por segundo), de modo prático se transforma em mais um volume de papéis ou arquivos digitais sem efeito.

A situação de volumes e defluências em 02 de junho de 2020. Fonte: ANA
Em tempo: é fato que os 1.300 m³/s de vazão mínima não são suficientes para a manutenção mínima da biota e da qualidade da água, condição que é incontestavelmente comprovada pelo amargo cotidiano em busca de água para beber.
No entanto, sob o silêncio da sociedade, de municípios, estados e órgão e/ou departamentos da União permanece valendo e há que insistir, o lema “água pra lá, algas pra cá”, ou ainda, “para riba, água, para o Baixo, algas”.
Veja abaixo a carta circular da CHESF:

Ofício da CHESF comunicando operações de barramentos para o mês de maio. Fonte: Acervo CanoaDocs | CHESF